Eterno feminino no MON
Onde: CURITIBA • 29 de Julho - 2025 |Uma imersão na obra de Teca Sandrini revela seis décadas de arte e narrativas femininas.

A artista curitibana Estela “Teca” Sandrini (Curitiba, 9 de abril de 1944) é protagonista de mais de seis décadas de intensa produção artística e atuação cultural. Graduou-se em Pintura pela Escola de Música e Belas Artes do Paraná (EMBAP) em 1967, concluiu Didática de Desenho na PUC-PR em 1968 e especializou-se em Antropologia Filosófica pela UFPR nos anos 1980. Estagiou em ateliês na Argentina e nos Estados Unidos—incluindo cursos em gravura e pintura no Maryland Institute of Art. Foi professora na EMBAP e na PUCPR, além de conselheira cultural em diversas instituições do estado e modelar gestora do Museu Oscar Niemeyer, onde liderou iniciativas de acessibilidade entre 2011 e 2017.
A série “Polacas”, presente na exposição Eterno Feminino, foi inspirada nos objetos do cotidiano doméstico e nas figuras femininas imersas em tarefas diárias: potes, panelas, gavetas e tralhas figuram em composições densas, onde mulheres refletidas no espaço doméstico habitam uma “loucura organizada”, transitando entre o ingênuo e o mordaz, sem certo heroísmo ou vitimização.
Por volta dos 50 anos, Teca começou a perder a visão chegando a 70?% em um curto período e atualmente enxergando muito pouco, apenas luz intensa ou ambientes muito claros. Mesmo diante dessa limitação drástica, ela não deixou de pintar — ao contrário: passou a enxergar mais luz que forma, transformando esse desafio em força criativa. Suas obras mantêm caráter forte e coerência estilística, apesar da visão reduzida. A fase mais recente, conhecida como “Manchas”, surge justamente desse processo de adaptação: as cores vibrantes dão lugar a grandes manchas expressivas e ao branco luminoso, que assumem protagonismo e mantêm a vitalidade estética da obra, ainda que não haja narrativa literal.
Em sentido amplo, Teca Sandrini representa o encontro entre técnica apurada e sensibilidade poética: sua obra mescla elementos figurativos e simbólicos com uma liberdade cromática intensa e emocional. Como gestora cultural, já promoveu o MON como espaço inclusivo e acessível, especialmente para deficientes visuais, ampliando a visitação e transformando o museu em referência de acessibilidade.
A exposição “Eterno Feminino”, com curadoria de Maria José Justino, oferece um panorama profundo da trajetória de Teca: 126 obras (pinturas, gravuras, desenhos e esculturas), na Sala?7 do MON, até 26 de outubro de 2025. Dividida em três núcleos – Polacas, Fragmentos e Manchas – a mostra conduz o público do cotidiano doméstico até uma pintura em estado quase abstrato e gestual, marcada pelo silêncio, força feminina e cor como metáfora da existência.
Com um currículo vasto, obras em acervos de museus nacionais e internacionais (como MON, MAC PR, MAM SC, FAAP, Brazilian American Cultural Institute em Washington D.C. etc.), Teca afirma-se como uma artista que narra a memória feminina sem estereótipos e com cor como sinal de liberdade plástica e comprometimento social. A exposição no MON é, portanto, um retrato sensível e potente de sua trajetória e da arte feita por uma mulher que transformou a limitação da visão em urgência criativa e arte afirmativa.Com um currículo vasto, obras em acervos de museus nacionais e internacionais (como MON, MAC PR, MAM SC, FAAP, Brazilian American Cultural Institute em Washington D.C. etc.), Teca afirma-se como uma artista que narra a memória feminina sem estereótipos e com cor como sinal de liberdade plástica e comprometimento social. A exposição no MON é, portanto, um retrato sensível e potente de sua trajetória e da arte feita por uma mulher que transformou a limitação da visão em urgência criativa e arte afirmativa.
Exposição Eterno Feminino – Teca Sandrini
Local Sala 7, Museu Oscar Niemeyer (MON), Curitiba (PR)
Período de visitação Até 26 de outubro de 2025